O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) soltou nota sobre a queda da desocupação no país, se comparado ao primeiro semestre de 2021.
Entretanto, observou-se que nessa segunda metade de 2022 o índice (que foi de 9,3%) não é tão baixo desde 2015, que chegou a 8,4%.
Contudo, o desemprego sempre foi uma pauta amplamente discutida no Brasil, haja vista suas oscilações ao longo da nossa história.
Nesse sentido, saiba mais sobre como o desemprego se comportou ao longo do tempo, quais são suas atuais causas e como ele afeta os cidadãos brasileiros.
A história do Brasil e o desemprego
Desde a época da libertação dos escravos, em 1888, a desocupação começou a ser um problema nacional.
Quando os negros foram soltos, o Estado não deu nenhum direito a eles, que não viram saída a não ser se refugiarem em favelas e arranjarem empregos irregulares.
Essa realidade está aí até hoje, visto que a principal fonte de renda do brasileiro moderno vem de trabalhos informais, como motorista de aplicativo e outros serviços autônomos.
Além disso, por ser um país economicamente emergente, deficiente de uma boa infraestrutura e educação, milhões de pessoas ainda não conseguiram sequer alguma fonte de renda.
Conclui-se, portanto, que o desemprego no Brasil não só é antigo, como tem raízes profundas desde o início da história.
Principais causas do desemprego no Brasil atualmente
Como mencionado anteriormente, a desocupação no Brasil não é um tema novo. Veja a seguir quais são suas principais causas atuais:
- Crises econômicas internacionais;
- Panorama político instável;
- Automação da mão de obra;
- Falta de qualificação;
- Pandemia da Covid-19.
A informalidade do mercado de Trabalho
Conforme dados do IBGE, 25% dos trabalhadores do setor privado não possuem carteira assinada.
Esse dado ilustra a realidade do mercado de trabalho brasileiro, que, no último ano, apresentou uma taxa de 40% de informalidade no país.
Segundo o G1, o motivo desse aumento repentino é a quarentena decorrente da pandemia da Covid-19, que obrigou o fechamento dos comércios presenciais do final de 2020 ao início de 2022.
Portanto, o real motivo dessa queda do desemprego é o surgimento de um número expressivo de trabalhadores informais, que bateu 39,286 milhões esse ano.
A preocupação entretanto é a fragilidade desses empregos autônomos, que, geralmente, não oferecem nenhum tipo de direito ou segurança ao trabalhador.
Por mais que atualmente já possam funcionar normalmente, a maior parte dos negócios que quebraram durante esse período não se recuperaram.
Nesse sentido, as pessoas que trabalhavam nesses estabelecimentos foram praticamente empurradas para os trabalhos informais.
Desemprego x inflação
Para além da pandemia, a inflação descontrolada também é um forte motivo para os brasileiros buscarem a informalidade.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia tem causado uma tensão econômica em todo o mundo, fato que aumenta a taxa inflacionária na maioria das nações.
Com o Brasil não é diferente. Conforme o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a inflação prevista está em 7,15%, quase o dobro do almejado.
Dessa forma, quanto mais esse percentual sobe, mais caros ficam os produtos, principalmente os que são cotados no dólar, como os combustíveis.
Além disso, a inflação alta faz com que as empresas comecem a cortar gastos, para não terem prejuízos, o que leva muitas vezes a demissões em massa e redução de vagas.
Vê-se portanto que, com as consequências trazidas pela quarentena e pela inflação, os cidadãos não tiveram opção se não aderirem ao serviço autônomo.
Conclusão
Vimos nesse artigo que a desocupação no Brasil é um assunto complexo, que tem diversos motivos e explicações.
Jogar a culpa somente na pandemia e na inflação causada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia é desleal e sobretudo irreal, visto que esse problema se arrasta desde o século 19 até hoje.
A queda “maquiada” do desemprego nesse ano, somente reforça o despreparo e a falta de vontade e planejamento do governo.
O Estado brasileiro tem a característica de ser “tapa buraco” ao se preocupar mais em dar auxílios financeiros que em resolver o problema pela raiz.
Por fim, a informalidade não é apenas um reflexo temporário dos percalços mundiais dos últimos anos. Mas sim, um retrato da nossa política instável e educação precária.