Vendedor ambulante de chinelos, com bandeira brasileira ao fundo

Desemprego no Brasil atinge menor taxa desde 2015

O IBGE informou a queda do desemprego no Brasil em 2022. Saiba mais sobre os motivos dessa queda e como isso afeta os cidadãos brasileiros.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) soltou nota sobre a queda da desocupação no país, se comparado ao primeiro semestre de 2021.

Entretanto, observou-se que nessa segunda metade de 2022 o índice (que foi de 9,3%) não é tão baixo desde 2015, que chegou a 8,4%.

Vendedor ambulante de chinelos, com bandeira brasileira ao fundo
Vendedor ambulante de chinelos, com bandeira brasileira ao fundo.

Contudo, o desemprego sempre foi uma pauta amplamente discutida no Brasil, haja vista suas oscilações ao longo da nossa história.

Nesse sentido, saiba mais sobre como o desemprego se comportou ao longo do tempo, quais são suas atuais causas e como ele afeta os cidadãos brasileiros.

A história do Brasil e o desemprego

Desde a época da libertação dos escravos, em 1888, a desocupação começou a ser um problema nacional.

Quando os negros foram soltos, o Estado não deu nenhum direito a eles, que não viram saída a não ser se refugiarem em favelas e arranjarem empregos irregulares.

Ex-escravos recém alforriados representando o início do desemprego no Brasil.
Ex-escravos recém alforriados representando o início do desemprego no Brasil.

Essa realidade está aí até hoje, visto que a principal fonte de renda do brasileiro moderno vem de trabalhos informais, como motorista de aplicativo e outros serviços autônomos.

Além disso, por ser um país economicamente emergente, deficiente de uma boa infraestrutura e educação, milhões de pessoas ainda não conseguiram sequer alguma fonte de renda.

Conclui-se, portanto, que o desemprego no Brasil não só é antigo, como tem raízes profundas desde o início da história.

Principais causas do desemprego no Brasil atualmente

Como mencionado anteriormente, a desocupação no Brasil não é um tema novo. Veja a seguir quais são suas principais causas atuais:

  • Crises econômicas internacionais;
  • Panorama político instável;
  • Automação da mão de obra;
  • Falta de qualificação;
  • Pandemia da Covid-19.

A informalidade do mercado de Trabalho

Conforme dados do IBGE, 25% dos trabalhadores do setor privado não possuem carteira assinada.

Esse dado ilustra a realidade do mercado de trabalho brasileiro, que, no último ano, apresentou uma taxa de 40% de informalidade no país.

Motorista de Uber buscando uma passageira.
Motorista de Uber buscando uma passageira.

Segundo o G1, o motivo desse aumento repentino é a quarentena decorrente da pandemia da Covid-19, que obrigou o fechamento dos comércios presenciais do final de 2020 ao início de 2022.

Portanto, o real motivo dessa queda do desemprego é o surgimento de um número expressivo de trabalhadores informais, que bateu 39,286 milhões esse ano.

A preocupação entretanto é a fragilidade desses empregos autônomos, que, geralmente, não oferecem nenhum tipo de direito ou segurança ao trabalhador.

Trabalhador desempregado  pensando em alternativas de trabalho informal para aderir.
Trabalhador desempregado pensando em alternativas de trabalho informal para aderir.

Por mais que atualmente já possam funcionar normalmente, a maior parte dos negócios que quebraram durante esse período não se recuperaram.

Nesse sentido, as pessoas que trabalhavam nesses estabelecimentos foram praticamente empurradas para os trabalhos informais.

Desemprego x inflação

Para além da pandemia, a inflação descontrolada também é um forte motivo para os brasileiros buscarem a informalidade.

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia tem causado uma tensão econômica em todo o mundo, fato que aumenta a taxa inflacionária na maioria das nações.

Balança equilibrada contendo uma maçâ num dos pratos e muito dinheiro  no outro, simbolizando a inflação e o desemprego causado por ela no Brasil.
Balança equilibrada contendo uma maçã num dos pratos e muito dinheiro no outro, simbolizando a inflação.

Com o Brasil não é diferente. Conforme o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a inflação prevista está em 7,15%, quase o dobro do almejado.

Dessa forma, quanto mais esse percentual sobe, mais caros ficam os produtos, principalmente os que são cotados no dólar, como os combustíveis.

Além disso, a inflação alta faz com que as empresas comecem a cortar gastos, para não terem prejuízos, o que leva muitas vezes a demissões em massa e redução de vagas.

Vê-se portanto que, com as consequências trazidas pela quarentena e pela inflação, os cidadãos não tiveram opção se não aderirem ao serviço autônomo.

Conclusão

Vimos nesse artigo que a desocupação no Brasil é um assunto complexo, que tem diversos motivos e explicações.

Jogar a culpa somente na pandemia e na inflação causada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia é desleal e sobretudo irreal, visto que esse problema se arrasta desde o século 19 até hoje.

Pedinte sentada numa calçada, com um olhar perdido.
Pedinte sentada numa calçada, com um olhar perdido.

A queda “maquiada” do desemprego nesse ano, somente reforça o despreparo e a falta de vontade e planejamento do governo.

O Estado brasileiro tem a característica de ser “tapa buraco” ao se preocupar mais em dar auxílios financeiros que em resolver o problema pela raiz.

Por fim, a informalidade não é apenas um reflexo temporário dos percalços mundiais dos últimos anos. Mas sim, um retrato da nossa política instável e educação precária.