No início desse mês o Fundo Monetário Internacional (FMI), informou que a previsão de crescimento da economia mundial estará abaixo de 3%, conforme suas análises.
Em comparação, em 2021, a economia global cresceu 6,1%, quase o dobro do observado em 2022, que terminou em 3,4%.
O órgão mencionou ainda que esse panorama tende a se entender pelos próximos 5 anos. Essa é a menor média registrada pela instituição desde 1990.
Conforme a diretora chefe do FMI, Kristalina Georgieva, as medidas fiscais rígidas que foram tomadas ao redor do mundo para a resolução da problemática oriunda das consequências da guerra na Ucrânia e da pandemia da Covid-19 salvaram um pouco essa média, que era para ser ainda menor.
Segundo ela: “Apesar da resiliência surpreendente dos mercados de trabalho e dos gastos do consumidor na maioria das economias avançadas, e da melhora da reabertura da China, esperamos que a economia mundial cresça menos de 3% em 2023”
Mas afinal, por que o crescimento econômico caiu tão abruptamente? O que é e por que o FMI é uma entidade tão importante? Como esse baixo crescimento econômico global afeta o Brasil presente e futuramente? Veja a seguir!
O que é o FMI?
O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma entidade financeira internacional que concede empréstimos e resgates para países com dificuldades de cunho monetário.
Atualmente, mais de 180 nações são membros do FMI, que tem sede em Washington, DC, capital dos Estados Unidos.
Um dos principais ramos do FMI é preservar o equilíbrio econômico e financeiro global. O Brasil, por exemplo, já recorreu aos empréstimos do FMI.
Uma organização com os mesmos fins do Fundo Monetário Internacional é o Novo Banco de Desenvolvimento (banco dos BRICS), atualmente presidido por Dilma Rousseff.
A fundação deste foi justamente oferecer uma alternativa aos empréstimos das instituições tradicionais, como o próprio FMI e o Banco Mundial.
Efeito pós-pandemia
É de conhecimento geral que o cenário mundial foi marcado pela pandemia da Covid-19, que durou do final de 2019 até meados de 2022.
Foram três longos anos de muitas mudanças sociais, econômicas e estruturais. Infelizmente, não para o lado bom, haja vista que houveram muitos óbitos em todo o planeta.
Nesse sentido, afim de evitar essas mortes, os governos de diversos países instituíram uma quarentena, a qual fechou estabelecimentos, escolas, eventos e tudo que aglomerasse pessoas.
Como resultado, muitos comércios quebraram, empresas fecharam, demissões em larga escala aconteceram e indicadores como fome e desigualdade social dispararam.
Contudo, ao fim desse período um crescimento econômico global foi notado, haja vista os efeitos das políticas monetárias e a reabertura dos mercados.
No Brasil, por exemplo, as exportações alcançaram percentuais recorde no ano de 2021, atingindo 34% em relação a 2020, superando o antigo maior patamar, que foi de de US$ 253,7 bilhões em 2011.
Todavia, graças ás tensões geopolíticas geradas pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia, essa grande ascensão econômica estagnou-se no mundo todo.
Crise energética na europa e a retração ECONÔMICA
Como citado no tópico anterior, a guerra na Ucrânia causou graves atritos entre a Rússia e vários outros países, principalmente europeus.
Com isso, o presidente russo, Vladmir Putin, primeiro restringiu e depois oficializou o corte definitivo do fornecimento de gás natural para a Europa, em retaliação aos embargos impostos à Rússia pela União Europeia (UE).
Dessa maneira, a Europa se viu numa intensa crise energética, visto que a maior parte do continente é extremamente dependente do gás natural russo.
Assim sendo, com toda a influência econômica global que a UE possui, uma crise com essa magnitude influi não só nas nações do continente citado, como em todas as que fazem negócios com eles.
Portanto, é de se imaginar que essa crise tenha ação direta na retração econômica em 2023, já que o conflito e suas problemáticas ainda permanecem.
Vale salientar que Ucrânia e Rússia são líderes num dos setores mais importantes para a economia global, que são as commodities.
A Rússia é uma das maiores produtoras de petróleo e gás do mundo, perdendo apenas para a Arábia Saudita e os Estados Unidos.
Agora, quando falamos em produção agrícola, a Ucrânia é responsável por 16% de toda a carga de milho e 12% da de soja no mundo.
Todavia, em detrimento da guerra, as exportações de grãos do país caíram 43,2%, fato que contribuir para a elevação os preços globais dos alimentos e provocando temores de escassez.
Vê-se então que não é somente a crise energética na Europa que mexe com a economia mundial, mas todas as consequências trazidas pelo confronto.
Brasil x recessão mundial
O grande problema do Brasil e a recessão mundial é justamente a fragilidade e dependência da nossa economia frente ao panorama internacional.
Nesse sentido, em relação às tensões geopolíticas, o Brasil não será afetado pela crise energética em termos de matéria prima, haja vista que somos autossuficientes nisso, por meio das hidrelétricas.
Entretanto, juntando todas as nações integrantes da União Europeia com as quais nosso país se relaciona comercialmente, elas se tornam nosso maior parceiro comercial.
Dessa forma, se elas entram em crise, a chance de reduzirem significativamente o volume de importações vindas das terras brasileiras é alta, fato que perturba nosso mercado interno.
Além de tudo isso, ainda tem a inflação, que cresce no mundo todo a cada dia, por causa das incertezas do cenário econômico atual.