Entenda por qual motivo o Banco Master foi liquidado e o que acontece com o dinheiro dos clientes
Em novembro de 2025, O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master após identificar uma série de irregularidades consideradas graves, incluindo a emissão de títulos de crédito sem lastro real e desequilíbrios contábeis relevantes. O caso ganhou ainda mais repercussão com a prisão do controlador do banco, Daniel Vorcaro, durante a Operação Compliance Zero, conduzida pela Polícia Federal.
A crise afetou diretamente cerca de 12 milhões de clientes, entre pessoas físicas, empresas e investidores institucionais, levantando dúvidas e preocupações sobre a segurança dos recursos aplicados e o funcionamento dos mecanismos de proteção financeira no Brasil.
O que levou à liquidação do Banco Master
As investigações apontaram que o Banco Master cresceu de forma acelerada nos últimos anos por meio de operações pouco transparentes. Entre os principais problemas identificados estavam a emissão de títulos de crédito fraudulentos, a venda de ativos sem lastro e práticas de gestão temerária, com riscos elevados assumidos sem a devida cobertura financeira.
Segundo apurações, parte desses títulos foi negociada com outras instituições e fundos, criando uma cadeia de risco que ultrapassou os limites do próprio banco. O Banco Central avaliou que o banco já não reunia condições mínimas para continuar operando sem colocar em risco o sistema financeiro, optando pela liquidação extrajudicial, pois havia indícios de desequilíbrio contábil bilionário, com ativos de difícil liquidez e passivos muito superiores à capacidade real da instituição.
O que é a liquidação extrajudicial
A liquidação extrajudicial é uma medida extrema prevista na legislação brasileira e aplicada quando uma instituição financeira se torna insolvente ou comete irregularidades graves. Na prática, o banco deixa de existir como instituição ativa. Com essa decisão:
- O banco tem suas atividades interrompidas
- As operações são assumidas por um liquidante indicado pelo Banco Central
- Os bens e ativos da instituição passam a ser usados para pagar credores, seguindo uma ordem legal
Irregularidades investigadas
As investigações apontam que o Banco Master teria emitido títulos de crédito sem lastro real, ou seja, produtos financeiros sem ativos suficientes para garantir seu valor. Além disso, esses papéis teriam sido vendidos ao público com promessas de retorno incompatíveis com o risco envolvido, o que pode ter induzido investidores ao erro. Os órgãos de fiscalização também identificaram falhas graves de governança e de controles internos, abrindo espaço para práticas irregulares.
Há ainda suspeitas de envolvimento de fundos públicos e investidores institucionais na estrutura dessas operações, ampliando o impacto do caso. Outro ponto sob apuração é o uso indevido da imagem do Fundo Garantidor de Créditos como argumento comercial, o que pode ter transmitido uma falsa sensação de segurança aos clientes.
O que acontece com o dinheiro dos clientes
O que acontece com o dinheiro dos clientes após a liquidação
Após a liquidação do Banco Master, a principal dúvida dos clientes é o destino dos valores investidos. A resposta varia de acordo com o tipo de produto financeiro contratado.
Clientes que possuíam depósitos à vista, CDBs ou outras aplicações cobertas pelo Fundo Garantidor de Créditos contam com proteção de até 250 mil reais por CPF ou CNPJ. Nesses casos, o FGC é responsável por devolver os valores dentro das regras do sistema. O pagamento não é imediato, pois depende da validação das informações pelo liquidante nomeado pelo Banco Central, mas costuma ocorrer após essa etapa.
Segundo estimativas iniciais, o volume de recursos a ser ressarcido é elevado, o que pode tornar esse um dos maiores acionamentos do FGC dos últimos anos.
Já os clientes que aplicaram em produtos sem cobertura do FGC enfrentam uma situação mais incerta. Nesses casos, não há garantia de devolução automática do dinheiro. O ressarcimento depende da venda dos ativos do banco e do processo de liquidação, que segue uma ordem legal de prioridade entre credores.
Na prática, isso significa que a recuperação pode ser apenas parcial, o processo pode se arrastar por anos e existe o risco concreto de prejuízo financeiro, especialmente para grandes investidores, empresas e fundos.
Impactos no mercado financeiro
O caso do Banco Master trouxe impactos que vão além dos clientes diretos. A crise reacendeu debates sobre:
- A fiscalização de instituições financeiras de médio porte
- O papel do Fundo Garantidor de Créditos em eventos de grande escala
- A responsabilidade de fundos públicos e gestores institucionais
- A necessidade de maior transparência na venda de produtos financeiros
Apesar de o Will Bank ter sido comprado pelo Banco Master em 2024, a liquidação do Banco Master não se estende ao Will. Os dois operam de forma separada e suas obrigações, clientes e ativos não estão ligados legalmente. O Will Bank permanece sob a supervisão normal do Banco Central e não apresenta riscos diretos decorrentes desse caso.