O último Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2022, apontou uma baixa de 26% nos empregos formais em comparação ao ano anterior, 2021.
Então, apesar de os 2,03 milhões de empregos com carteira assinada gerados no ano passado serem um saldo positivo, 2021 fechou com 2,77 milhões de vagas, 740 mil a mais.
Somente em dezembro de 2022 foram desligados mais de 430 mil trabalhadores formais, fato que é bastante preocupante.
Isso por que esse número representa 21,2% dos empregos criados naquele ano.
Nesse sentido, nesse post falaremos um pouco sobre o por quê dessa baixa, quais são os fatores principais e o aumento dos empregos informais
por que os empregos de carteira assinada caíram?
Segundo o G1, existem diversas causas que justificam esse resultado, tais como a alta de inflação e o aumento da taxa básica de juros, a Selic.
Conforme o site, esses fatores contribuíram para o desaquecimento da economia, o que levou os empregadores a recorrerem às demissões.
Mas, por que essas duas coisas afetaram o mercado de trabalho? Sobre a inflação, o aumento de preços contribuiu para a decisão de corte de gastos nas empresas.
O mercado inteiro sofreu com a alta de preços no ano de 2022. Os mais afetados foram os alimentos e os combustíveis, que assustaram os consumidores.
Os combustíveis só caíram de valor após uma medida governamental de corte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Mesmo assim, milhares de empresas recorreram aos desligamentos como forma de “enxugar” despesas e equilibrar seus orçamentos.
Mais impactos da inflação e taxa selic
Além das empresas, a inflação também impacta nos investimentos, uma vez que os acionistas recorrem para ativos mais seguros e estáveis, em sua maioria, cotados no dólar.
Dessa forma, os ativos brasileiros perdem força, a entrada de dólar na economia diminui, o real desvaloriza, os preços sobem e o mercado de trabalho sofre.
Relativo a Selic, sua elevação está diretamente ligada ao aumento da inflação, haja vista que essa taxa se trata de uma ferramenta do Banco Central que serve justamente para o controle da alta dos preços.
Ou seja, o Bacen eleva a Selic como meio de reduzir o consumo, o que contribui para a queda da inflação. Contudo, essa diminuição também desacelera a economia do país.
Aumento dos empregos informais
Em decorrência da pandemia da Covid-19, os governos do mundo inteiro instituíram uma quarentena.
Esse confinamento obrigou o fechamento dos comércios presenciais do final de 2020 ao início de 2022.
Nesse sentido, com o fim do isolamento, a expectativa era do reaquecimento da economia, contudo, o mundo entrou num novo período de incertezas.
Com a guerra da Ucrânia, a economia mundial retomou sob o fantasma da inflação e do aumento da pobreza na maioria dos países do mundo, mesmo já em 2023.
Ou seja, como consequência dos cenários acima, o índice de informalidade no mercado brasileiro cresceu além do comum, chegando a 39,1% de trabalhadores autônomos ao final de 2022.
A preocupação entretanto, é a fragilidade desses empregos, que, geralmente, não oferecem nenhum tipo de direito ou segurança ao trabalhador.
Por mais que atualmente já possam funcionar normalmente, a maior parte dos negócios que quebraram durante a pandemia não se recuperaram.
Nesse sentido, as pessoas que trabalhavam nesses estabelecimentos foram praticamente empurradas para os trabalhos informais.
Uberização do trabalho
Um exemplo claro de trabalho informal muito popular são os aplicativos de mobilidade, como Uber, 99, In Driver etc.
O termo “uberização do trabalho” é um neologismo que descreve a mercantilização total de uma atividade econômica baseada em serviços.
Como já mencionado, o problema disso é que o prestador de serviço não tem garantias e direitos como receber por horas extras.
Falando na Uber, esta já conta com mais de 5 milhões de motoristas e entregadores e um faturamento de US$ 8,1 bilhões no Brasil só no segundo trimestre de 2022.
Todavia, segundo o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, mais de 70% dos novos motoristas que ingressaram na plataforma em 2022 tomaram esta decisão para obter um ganho extra em meio a alta da inflação e do custo de vida.
Dessa forma, pode-se afirmar que o aumento da informalidade no país está atrelada ao desemprego e a crise econômica.
Como forma de reduzir a informalidade e a precarização do trabalho, o atual governo está tentando instituir uma medida de proibição de motos de aplicativos nas grandes cidades.
Entretanto, esse é apenas um tapa buraco ineficiente, uma vez que só tirará a renda das pessoas e aumentará ainda mais o nível do desemprego.