Pode até parecer engraçado, mas existe o “dia do endividado”. Sim, isso mesmo, 16 de outubro é o dia que simboliza esse tormento na vida de milhões de brasileiros.
E quando falamos milhões, não é nenhum exagero. Dados do último levantamento mensal da Serasa mostram que aproximadamente 42,96% de toda a nossa população está inadimplente.
Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), esse percentual representa entorno de 70 milhões de cidadãos que estão com seu nome sujo perante a alguma ou algumas instituições.
Entretanto, esse número não é uniforme no país inteiro, haja vista que existem alguns estados em que a concentração de devedores é maior que em outros.
Visto isso, a seguir te mostraremos quais são os 10 estados que têm a população mais inadimplente do território nacional, a diferença entre endividamento e inadimplência, qual é o perfil de pessoas com mais dívidas e quais são as oportunidades de negociação de débitos ofertadas pela Serasa.
endividamento x inadimplência
Antes de tudo, vamos deixar claro que endividamento é muito diferente de inadimplência.
Estar endividado é ter contas a prazo a pagar. Aquela fatura que está para vencer, as parcelas do carnê ou o boleto do mês que vem. Tudo isso é endividamento, ao passo que você deve, mas ainda não está em atraso.
A inadimplência é bem mais complicada que isso, posto que é uma dívida que você atrasou, não pagou e a instituição negativou seu CPF junto a Serasa.
Diante disso, sabe-se que estar negativado quer dizer muitas coisas ruins, tendo em vista que te impede de adquirir coisas que precisam de um nome limpo.
Financiar uma casa, ter um cartão de crédito, fazer um investimento, etc., geralmente exigem que o interessado não possua nenhum débito vinculado ao CPF.
A inadimplência no Brasil
Conforme a Serasa, em 2023, as dívidas estão maiores tanto em quantidade quanto em valor, se comparado ao ano passado.
Ainda segundo a empresa, a inflação e a alta de juros são os principais motivos que impulsionaram o aumento da inadimplência no período analisado.
Podemos dizer também que a recente pandemia contribuiu muito para o crescimento de pessoas com dívidas em aberto no país, uma vez que muitas delas perderam seus empregos e não mais tiveram condições de arcar com seus compromissos financeiros.
Vale lembrar também que o empréstimo consignado do Auxílio Brasil também deixou milhares de pessoas endividadas.
Com a recente troca de governo e o “pente fino” que o atual presidente está passando nos Cadastros Únicos, os cidadãos que tomaram esse empréstimo estão receosos em não conseguirem quitar o débito caso percam o benefício.
Por fim, nesse momento, são mais de 249 milhões de dívidas registradas no país e o valor total delas somam mais de R$ 320 bilhões.
A título de informação, só entre dezembro de 2022 e janeiro desse ano, entorno de 700 mil brasileiros entraram para essa estatística.
Estados mais inadimplentes
Sem mais delongas, vamos saber quais são os 10 estados que mais possuem pessoas negativadas no Brasil:
Ranking | ESTADOS | % da população de inadimplentes |
1º Lugar | Rio de Janeiro | 51,92 |
2º Lugar | Amazonas | 51,35 |
3º Lugar | Amapá | 51,14 |
4º Lugar | Distrito Federal | 50,58 |
5º Lugar | Mato Grosso | 48,81 |
6º Lugar | Roraima | 47,60 |
7º Lugar | Mato Grosso do Sul | 46,97 |
8º Lugar | Tocantins | 46,13 |
9º Lugar | São Paulo | 44,62 |
10º Lugar | Acre | 43,87 |
perfil de pessoas com mais dívidas
Quando falamos da faixa etária que mais deve, o primeiro lugar vai para pessoas de 41 a 60 anos (52,7%).
Em segundo ficam as idades de 26 a 40 anos (34,8%) e em terceiro os indivíduos com até 25 anos (12,5%).
Relativo ao valor médio dessas dívidas, por pessoa, ficou entorno de R$ 4.493,91.
Conforme o levantamento de dezembro de 2022 da Serasa, os cidadãos que possuem mais débitos no Brasil são mulheres (50,1%), enquanto os homens ficam em segundo com 49,9%.
Em pesquisa mais detalhada, o CNC afirma que essas mulheres são em sua maioria jovens – com até 35 anos de idade – e com baixa escolaridade.
A Economista da CNC, Izis Ferreira, observou que o motivo disso está relacionado ao tipo de trabalho desse público, que se vê mais na informalidade, além da maior parte ser chefe de família.
Ou seja, possuem uma renda instável e maior vulnerabilidade dentro do mercado de trabalho, o que as leva para o mundo do crédito e dos juros.
Como limpar meu nome?
A urgência da situação motivou a Serasa a antecipar o Feirão Limpa Nome para esse final de março de 2023. Normalmente a modalidade só ocorre em novembro.
Para participar é muito simples, basta acessar o site ou aplicativo da Serasa com sua senha e seu CPF e visualizar suas propostas de negociação.
Também é possível fazer tudo isso por meio do telefone 0800 591 1222 (ligação gratuita) ou pelo WhatsApp 11 99575–2096.
Dessa forma, você consegue pagar até 99% menos em suas dívidas em bancos, financeiras, telefônicas e outras instituições. Em alguns casos, a dívida pode ser reduzida para R$ 100.
Além do Feirão Limpa Nome, o governo federal anunciou que vai criar um programa chamado Desenrola, o qual permitirá que famílias endividadas renegociem seus débitos.
De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o alcance da iniciativa deve ser maior que o planejado inicialmente e visa alcançar a 37 milhões de brasileiros.
Por enquanto, o programa visa cidadãos de baixa renda. Contudo, ainda segundo o ministro, credores que possuem créditos contra pessoas de poder aquisitivo mais alto também despertaram interesse em aderir ao Desenrola.
Segundo Haddad, esse programa, unido ao novo Bolsa Família, a nova tabela do Imposto de Renda e ao novo salário-mínimo, configuram um combo de benefícios que permitirá o reingresso de milhões de pessoas à economia.